Curitiba, 02 de maio de 2024

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Entrevista com Margareth Mattos de Carvalho

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No dia 02 de maio de 2017, os jornalistas mirins da EM Papa Informa estiveram presentes no 3º encontro de Erradicação do Trabalho Infantil realizado no Salão de Atos, Parque Barigui.

Nesse encontro eles tiveram a oportunidade de conversar com a Dra. Margareth Mattos de Carvalho, procuradora regional do Ministério Público do Trabalho no Paraná. Durante a entrevista os jornalistas mirins conversaram sobre a situação do trabalho infantil no estado do Paraná.

Acompanhe a entrevista.

Extra: No nosso estado existem casos de crianças que trabalham?

Margareth: Infelizmente sim, milhares de crianças trabalhando. Quando a gente fala de Brasil, fala de muitos estados, Paraná está no sul do Brasil e a gente tem uma ideia errada de que porque gente está no Sul, nós temos mais dinheiro e por isso as crianças estão mais protegidas. Mas infelizmente a região sul e quando eu falo região sul, estou falando do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul apresentam os piores índices comparados com as demais regiões então nós temos muita coisa para fazer ainda aqui.

Extra: Elas abandonam a escola para trabalhar?

Margareth: É muito comum as crianças terem dificuldades na escola quando elas trabalham. Se elas continuam na escola, elas ficam com muita dificuldade de aprender porque chegam na escola cansadas, dormem ou estão famintas e muitas vezes, sim, elas abandonam a escola porque elas não conseguem conciliar o horário do trabalho com o horário que elas têm que estar na escola.

Extra: Qual será o destino das crianças que trabalham, continuarão com seus pais ou responsáveis; ou irão para um lugar mais adequado?

Margareth: Essa é uma pergunta muito importante que você faz, só que ela também é difícil de responder. Vou tentar responder de um jeito que também seja bem fácil de entender: Nós não apoiamos ou incentivamos a retirada das crianças das suas famílias quando elas têm seus direitos violados porque a gente precisa ver o que está acontecendo com a família porque aquela família permite ou levou a criança para o trabalho porque muitas vezes a família está passando por uma situação muito difícil, muita pobreza, não tem onde morar, não tem energia elétrica, não tem comida suficiente, às vezes não tem nem documento de identificação pessoal como RG por exemplo. As políticas públicas devem olhar as famílias como um todo, não só a situação da criança se a criança está em situação de trabalho infantil ou situação de risco, não é suficiente para retirar as crianças das famílias, mas sim ajudar as famílias para que elas não precisem mais colocar seus filhos para trabalhar.

Extra: Como podemos prevenir o trabalho infantil?

Margareth: Acho que o mais importante é garantir que as crianças fiquem na escola, permaneçam na escola, todas sejam matriculadas e participem da escola e que a família,  como eu disse anteriormente, seja apoiada se o pai não tem emprego tentar fazer com que ele consiga um emprego, não tem uma profissão, um curso de qualificação profissional se a mãe também precisa de um trabalho, ajudar que os adultos consigam trabalho para que eles possam cuidar de seus filhos porque o correto é os pais cuidarem dos filhos e não os cuidarem dos pais. Os filhos só vão cuidar dos pais quando os pais forem velhinhos, quando são crianças, quem cuida são os adultos.

Extra: Como foi o primeiro caso de trabalho infantil que a senhora resolveu? Como se sentiu ao resolvê-lo?

Margareth: Nossa! Foi um caso muito, muito triste de uma menina trabalhando numa casa de doméstica de doze anos apenas. A patroa levou a menina morar com ela dizendo que a menina seria melhor cuidada mas na verdade ela nem se alimentava direito, não pagava salário, ela usava roupas todas estragadas, rasgadas, trapos mesmo. Não deixava a menina ir para a escola. A menina, na verdade não recebia nada, a família que recebia leite em pó como troca desse trabalho para um bebê que era irmãozinho.

Fonte:Estudante Maria Eduarda Santana

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